25 de nov. de 2011

Após Fukushima


Após Fukushima, 79% dos brasileiros não querem novas usinas nucleares

A rejeição da opinião pública global ao uso de energia atômica aumentou após o acidente com a usina nuclear de Fukushima, no Japão, segundo indica pesquisa encomendada pela BBC.
Na média geral entre os 12 países que já têm usinas nucleares ativas – Brasil incluído –, 69% dos entrevistados rejeitam a construção de novas usinas, enquanto 22% defendem novas estações. No Brasil, 79% dos entrevistados dizem se opor à construção de novas usinas.
Esses 79% incluem pessoas que acham que o Brasil deve usar as usinas nucleares que já tem, mas não construir estações novas (44%), e pessoas que acham que, como a energia atômica é perigosa, todas as usinas nucleares operantes devem ser fechadas o mais rápido possível.
Apenas 16% dos entrevistados brasileiros acham que a energia nuclear é relativamente segura e uma importante fonte de eletricidade e que, portanto, novas usinas devem ser construídas.
A pesquisa, em 23 países, indica que após o acidente de Fukushima, em março, aumentou a oposição à energia nuclear, tanto em países que a promovem ativamente, como Rússia e França, como em países que ainda planejam a construção de usinas.
Em comparação com resultados de 2005, o levantamento "sugere que houve um elevado aumento na oposição à energia nuclear" em parte dos países, enquanto cresce a defesa da economia de energia e o uso de fontes renováveis em vez da energia nuclear.

Rejeição e apoio

As maiores rejeições à ampliação do uso da energia atômica são observadas na França, no Japão, no Brasil, na Alemanha, no México e na Rússia.
Em contrapartida, em países como China, Estados Unidos e Grã-Bretanha, ainda é representativa a quantidade de pessoas que consideram a energia nuclear segura – 42%, 39% e 37%, respectivamente.
"A falta de impacto que o desastre nuclear de Fukushima teve na opinião pública nos EUA e na Grã-Bretanha é digna de nota e contrasta com a crescente oposição às usinas nucleares novas na maioria dos países que acompanhamos desde 2005", declarou o presidente da empresa de pesquisas GlobeScan, Doug Miller.
"O maior impacto foi observado na Alemanha, onde a nova política do governo (de Angela) Merkel, de fechar todas as estações de energia nuclear, é apoiada por 52% dos entrevistados", disse.
A visão alemã reflete a opinião pública do resto da Europa, continente em que "a maioria dos países pesquisados tem uma visão negativa com relação ao uso de energia atômica para gerar eletricidade".
Realizado pela GlobeScan a pedido da BBC, o levantamento ouviu 23,2 mil pessoas em 23 países (12 deles já operando usinas nucleares), entre junho e setembro. A margem de erro é de 3,1 a 4,4 pontos percentuais.
Este foi o primeiro ano em que o Brasil participou da pesquisa.

14 de nov. de 2011

Os benefícios do jejum




O paulistano Sandro Malburg Bosco, 47 anos, é uma referência brasileira em yoga, a arte milenar de harmonizar mente e corpo num processo de autoconhecimento e cura. Sandro lecionou yoga na Califórnia, nos Estados Unidos, criou o Programa de Prevenção e Redução do Estresse, adotado há seis anos por diversas empresas de São Paulo, e atualmente coordena o projeto Yoga & Saúde, destinado a portadores do vírus da Aids e dependentes químicos. É também autor de vídeos e publicações que ensinam as técnicas do Iyengar (pronuncia-se aiengar) Yoga - uma especialidade do Hatha Yoga criada pelo guru indiano Iyengar -, e nos últimos tempos tem se destacado em uma outra vertente das práticas místicas e terapêuticas originárias do oriente: o jejum.
A abstinência de alimentos é um recurso usado na medicina ayurvédica, da Índia, há cerca de 5 000 anos. Para desintoxicar o organismo, o ayurveda propõe jejuns personalizados, de acordo com uma classificação físico-psicológica dos pacientes. O tipo e o tempo da abstinência variam bastante, mas qualquer pessoa pode fazer o jejum de 12 horas, uma vez por semana, sem restrição de líquidos. No higienismo, um movimento surgido no século XIX nos Estados Unidos, o jejum chega a ser considerado um hábito de vida, exigência necessária ao equilíbrio do corpo e da mente. Nesse caso, a freqüência saudável é a abstinência durante 24 horas a cada sete dias.
Em sua academia Yoga Dham, Sandro ensina aos alunos a jejuar como meio de alcançar mais rapidamente os benefícios prometidos pelo yoga. Nesta entrevista, ele explica por que o jejum, um ritual adotado por todas as grandes religiões do planeta, deve ser visto como uma importante ferramenta de saúde:

Por que o jejum está virando moda nos dias atuais?

Nas ultimas décadas, o homem vem reavaliando o legado das culturas antigas em várias campos do conhecimento, entre os quais a medicina. Ao mesmo tempo, as pessoas querem descobrir formas de religiosidade não dogmáticas, não institucionais, que curem os males do corpo e da mente, superando os limites da ciência médica. O jejum é uma tradição religiosa e terapêutica que, bem orientada, pode melhorar a qualidade de vida dos seus praticantes, ao promover a desintoxicação do organismo, com reflexos positivos no humor.

Como se dá essa desintoxicação?
Uma parte da energia do corpo é empregada na digestão dos alimentos e outra quantidade é consumida na eliminação de toxinas desses mesmos alimentos. Com o jejum, o processo de depuração é acelerado, mas cabem aqui alguns cuidados com as pessoas debilitadas. Para elas, o início da abstinência alimentícia pode ser demasiadamente forte. Já uma pessoa saudável vai auferir enormes benefícios com a pratica regular do jejum. O organismo habitua-se a um descanso regular, com enorme economia de prana – a energia básica. A energia que seria gasta na disgestão, acaba usada pelo sistema imunológico, reforçando as defesas do organismo.

Qual a fórmula ideal de jejum?
O jejum pode ser feito semanalmente. Na tradição iogue, há toda uma depuração prévia fundamental, como a limpeza do estômago e do intestino. Isso é necessário, pois um dos males que mais afligem o homem moderno é a constipação intestinal. É tão comum que as pessoas nem se dão conta de que têm a doença. A verdade é que deveríamos evacuar pelo menos uma vez diariamente. Isso não acontece devido ao sedentarismo, aos alimentos industrializados, aos de origem animal e à dieta não balanceada.

Então, a abstinência temporária de alimentos não resolve tudo?

O intestino nessa condição é depositário de uma carga de material tóxico que, nos primeiros dias de jejum, é absorvido pelo organismo e lançado à corrente sangüínea como nutriente, envenenando ainda mais o sistema. Por este motivo os sábios iogues desenvolveram os kryias, técnicas de lavagem estomacal e intestinal que limpam e preparam as mucosas para o jejum.

Quais os cuidados recomendados para os iniciantes?

No jejum prolongado, superior a três dias, iniciantes ou não podem utilizar, se necessário, mínimas pitadas de sal marinho para regular a pressão ou mínimas quantidades de mel em caso de prostração. A saída do jejum é também extremamente delicada. Recomenda-se refeições de vegetais leves e em pequenas quantidades, pois ocorre um retraimento do estômago durante a abstinência.
Muita gente come frutas durante o jejum. Isso é bom?
O jejum de frutas é o que se conhece como jejum parcial. Boa parte das frutas são de fácil digestão, o que facilita o processo depurativo do organismo. No verão podemos optar pelos tipos tropicais e no inverno acrescentar as fruta secas. Deve-se ter cuidado com a procedência das frutas. Aquelas que receberam grande quantidade de agrotóxicos prejudicam o processo de desintoxicação orgânica.


Não é um risco privar o corpo de alimentos, sua principal fonte de energia?
Podemos ficar semanas sem comer, dias sem beber, mas apenas minutos sem respirar. Conforme a sabedoria do yoga, extraímos o prana dos alimentos, da água e principalmente do ar. Quando não ingerimos sólidos, o corpo compensa, extraindo mais prana da água e do ar. Com a prática do exercícios respiratórios do yoga, esse benefício se amplia.
Crianças e idosos podem jejuar sem risco?
O jejum não é recomendado para crianças, pois estão em um momento metabólico de crescimento. Já as pessoas idosas, desde que o façam de modo regular e moderado, podem ser beneficiadas. Aos 77 anos de idade, Gandhi fazia jejuns de 21 dias! O nutricionista americano Paul Bragg, que viveu quase um século, também fez jejuns prolongados após os 90 anos.

O jejum produz algum benefício psicológico?
Como toda abstinência, o jejum também exige um esforço de autodisciplina. E a disciplina é um caminho para outros ganhos, para a felicidade. Eu, por exemplo, consegui melhorar a concentração e a memória jejuando.

Por que isso acontece?

O jejum ajuda a silenciar a mente. Assim, funciona como um mecanismo de controle sobre os sentidos. O filósofo Pitágoras exigia de seus discípulos que fizessem jejum de 40 dias para purificar o corpo e estimular a mente. Os animais carnívoros vão à caça praticamente em jejum, pois é quando os seus reflexos são mais precisos. A exemplo do homem, eles ficam preguiçosos e inativos após um almoço farto. Como toda abstinência, o jejum pede esforço sobre si mesmo e fortalece a disciplina e a espiritualização. A prática espiritual leva em conta o corpo, sem o qual não se pode pensar em vida ou crescimento espiritual.

Na sua opinião, qual deve ser o limite do homem à mesa?

No yoga dizemos que você deve encher metade do estômago com sólido, um quarto com líquido e outro quarto deixar para o oxigênio. O homem adoece mais por excesso de comida do que por escassez.


O vegetarianismo é a saída para quem deseja alimentação saudável?

O intestino humano é de um animal herbívoro. Sua estrutura é longa o suficiente para permitir a quebra das células vegetais, um processo lento de decomposição. Animais carnívoros são dotados de intestinos curtos, que eliminam com maior rapidez substâncias altamente tóxicas, como a carne. A alimentação vegetariana é a mais inteligente em termos nutricionais, higiênicos, econômicos e éticos.

O jejum é uma invenção humana ou existem na natureza outras espécies que optam por não comer?

Animais domésticos, como gatos e cachorros, jejuam sempre que adoecidos ou acidentados. Trata-se de uma reação instintiva que visa dar tempo e condições energéticas para o organismo debilitado se restabelecer.


PARA SABER MAIS
Na Livraria:
Jejum – dieta ideal,

de Allan Cott, Record, 1991
Fasting for Renewal of Life,
de Herbert M. Shelton, American Natural Hygiene Society
FONTE: http://planetajota.jor.br/jejum.htm
Mais... http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI63272-15257,00-O+JEJUM+PODE+FAZER+BEM.html 


6 de nov. de 2011

Abordagem social na conferência da Rio+20

Pautado pelas prioridades do governo Dilma Rousseff, o Brasil tentará transformar a conferência Rio+20, no ano que vem, num fórum para a discussão da pobreza.
As propostas do país para a cúpula de desenvolvimento sustentável espelham a agenda da petista e incluem um "programa global de proteção socioambiental", inspirado em programas sociais como o Bolsa Família.

O anfitrião também quer que a conferência adote dez objetivos de desenvolvimento sustentável, nos moldes das Objetivos do Milênio das Nações Unidas. Não especificou, porém, quais metas numéricas pretende apresentar.
O país entregou ontem à ONU um documento de 36 páginas contendo suas propostas para o encontro, que ocorrerá de 28 de maio a 6 de junho de 2012.

MUDANÇA DE EIXO
A principal delas é uma mudança no eixo da conferência. O Brasil quer incluir a erradicação da miséria no encontro, originalmente orientado só para economia verde e governança para o desenvolvimento sustentável.
A própria economia verde ganhou da diplomacia brasileira um prefixo --"inclusiva"-- que expressa a orientação do governo anfitrião para trazer a miséria para o centro do debate em 2012.
O país também quer a criação de novos indicadores para medir o desenvolvimento, que possam substituir o PIB (Produto Interno Bruto) e o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Segundo a proposta brasileira, apresentada ontem pela ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente), esses índices são limitados por não incluírem questões como a escassez de recursos naturais.
Como o desenvolvimento é medido com base em "um conjunto muito estreito de indicadores", afirma o documento, os agentes públicos e privados são levados a adotar ações de desenvolvimento "que geram resultados igualmente imperfeitos".
A obsessão da diplomacia brasileira com a reforma de conselhos da ONU também foi contemplada na proposta. No caso, a ideia é mudar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social das Nações Unidas, o Ecosoc.
O Brasil quer que o Ecosoc vire quase uma nova agência da ONU, um fórum global para a discussão de desenvolvimento sustentável. "É normal que conferências desse tipo façam propostas inovadoras, seja de criação de novo ente, seja de reforma de algo já existente", disse o subsecretário-geral de Meio Ambiente e Energia do Itamaraty, Luiz Alberto Figueiredo Machado.
METAS
As metas de desenvolvimento sustentável apresentadas pelo país são genéricas: vão da segurança alimentar (a agricultura familiar, outro foco do governo, é citada no documento) ao "ajuste da pegada ecológica à capacidade de regeneração do planeta".
Neste momento, antes do início das negociações, não há nada tão ousado quanto a proposta que o Brasil levou em 2002 à conferência Rio+10, em Johannesburgo, de ter 10% de energias renováveis na matriz mundial.
"Nós temos condições, sim, de negociar metas concretas", afirmou a ministra, citando a meta do país de erradicação da miséria. Segundo Figueiredo, a ideia é que no Rio seja possível a adoção de objetivos.
"Caso não seja possível adotar números no Rio, pelo menos fixar um prazo" para sua adoção, disse o embaixador, antecipando um ponto de atrito nas negociações.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/1000509-brasil-quer-abordagem-social-na-conferencia-da-rio20.shtml

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