Envelhecer e morrer não é uma lei da natureza
Obsolescência biológica
Na juventude somos fortes e saudáveis e, em seguida, enfraquecemos e
morremos - é assim que a ciência e a medicina têm descrito o que é o
envelhecimento.
Surpreendentemente, na natureza, excetuando o ser humano, o fenômeno
do envelhecimento mostra uma diversidade inesperada de padrões e não
necessariamente segue essa linha de "obsolescência biológica".
Esta é a conclusão de um estudo histórico realizado por pesquisadores
da Universidade do Sul da Dinamarca e publicado nesta semana na revista
científica Nature.
Desconexão entre envelhecer e morrer
O mais surpreendente é que nem todas as espécies enfraquecem e se tornam mais propensas a morrer à medida que envelhecem.
Ao contrário, algumas espécies ficam mais fortes e menos propensas a
morrer com a idade, enquanto outras não são de forma nenhuma afetadas
pela idade.
Ou seja, a diminuição da vitalidade com a idade não é uma lei da natureza.
Os pesquisadores dinamarqueses estudaram o envelhecimento em 46
espécies muito diferentes, incluindo mamíferos, plantas, fungos e algas.
Algumas se tornam mais fracas com a idade, o que se aplica a humanos,
outros mamíferos e aves. Outras se tornam mais fortes com a idade, o
que se aplica a tartarugas e algumas árvores. E, finalmente, algumas
espécies não se tornam nem mais fracas e nem mais fortes com a idade, o
que se aplica à hidra, por exemplo.
Assim, aumento de idade e morte também não têm uma relação necessária válida para todos os seres vivos.
Animal imortal
Como esperado segundo a teoria dominante, para várias espécies a taxa
de mortalidade aumenta com a idade. Este padrão é visto na maioria das
espécies de mamíferos, incluindo os seres humanos e as orcas, mas também
em invertebrados como as pulgas da água.
No entanto, outras espécies apresentam uma diminuição da mortalidade
com a idade e, em alguns casos, a taxa de mortalidade é decrescente com a
idade. Isso se aplica a espécies como a tartaruga do deserto (Gopherus agassizii),
que experimenta a maior taxa de mortalidade no início da vida e uma
mortalidade em constante declínio à medida que envelhece. Muitas
espécies de plantas, por exemplo a árvore do mangue branco (Avicennia marina), seguem o mesmo padrão.
Por incrível que pareça, há também espécies que têm uma mortalidade
constante e não são afetadas pelo processo de envelhecimento.
E isto é ainda mais marcante no pólipo de água doce (Hydra magnipapillata)
que tem uma taxa de mortalidade baixa e constante. Na verdade, em
condições de laboratório, seu risco de morrer a qualquer momento em sua
vida é tão baixo que esse animal é efetivamente imortal.
"A extrapolação a partir de dados de laboratório mostram que, mesmo
depois de 1.400 anos, 5% de uma população de hidra mantida nestas
condições ainda estaria viva," diz Owen Jones.
O que é envelhecimento?
A mesma falta de padrão foi observada com a fertilidade, que varia de
um extremo a outro, desde a fertilidade só existindo no início da vida,
em toda a vida ou em trechos dela.
Em suma, não há uma correlação entre os padrões de envelhecimento e a
expectativa de vida que seja típica para todas as espécies de seres
vivos.
"Não faz sentido considerar que o envelhecimento deve ser baseado em
quantos anos uma espécie atingir. Em vez disso, é mais interessante
definir o envelhecimento na forma de trajetórias de mortalidade: se as
taxas aumentam, diminuem ou permanecem constantes com a idade," propõe
Owen Jones.
FONTE: DIÁRIO DA SAÚDE
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