30 de mai. de 2014

A VISÃO SISTÊMICA DA EVOLUÇÃO


Em linhas gerais, a principal diferença entre a teoria clássica da evolução – a de Darwin- e a da visão sistêmica, é que na primeira, a evolução acontece através da seleção natural, em que os organismos, gradualmente, adaptam-se ao meio até atingir um ajuste que seja bom o bastante para a sobrevivência e a reprodução. Na visão sistêmica, a mudança evolutiva é fruto da tendência inerente da vida para criar novidade, que pode ou não ser acompanhada de adaptação às condições ambientais em mudança.

Diante desse contexto, os biólogos passaram a descrever o genoma como uma rede auto-organizadora capaz de produzir espontaneamente novas formas de ordem. Nas palavras de Stuart Kauffman: ” Devemos repensar a biologia evolutiva (…). Grande parte da ordem que vemos nos organismos pode ser o resultado direto não da seleção natural, mas da ordem natural sobre a qual a seleção foi privilegiada para atuar. (…) A evolução não é um mero remendo. (…) É ordem emergente honrada e afiada pela seleção”.

A teoria de Gaia de James Lovelock e Lynn Margulis, mostra o erro da teoria de Darwin de adaptação. De acordo com Lovelock, “A evolução dos organismos vivos está tão estreitamente acoplada com a evolução do seu meio ambiente que juntas, elas constituem um único processo evolutivo”. Nessa linha de análise, a evolução não pode ser limitada à adaptação de organismos ao seu meio, pois o próprio meio ambiente é modelado por uma rede de sistemas vivos capazes de adaptação e de criatividade. Nessa esteira, pode-se concluir que cada qual se adapta aos outros – eles co-evoluem. A co-evolução é, portanto, a evolução dos organismos e do meio ambiente que prossegue através da inteiração entre competição e cooperação, e entre criação e mútua adaptação.

James Lovelock, em seu último livro “A vingança de Gaia”, diz:

“Até recentemente, aceitávamos que a evolução dos organismos ocorre de acordo com a visão de Darwin, e a evolução do mundo material das rochas, ar e oceano, de acordo com a geologia dos livros didáticos. Mas a teoria de Gaia vê estas duas evoluções antes distintas como parte de uma só história da Terra, em que a vida e seu ambiente físico evoluem como um entidade única. Acho útil pensar que o que evolui são os nichos, e os organismos discutem a ocupação deles.” 
 

A orquídea é um exemplo de co-evolução e seleção sexual. Em linhas gerais, quando um grupo de orquídeas se encaminha numa orgia pansexual com outro reino de seres vivos, entra numa dinâmica de manipulação e exploração estética da seleção sexual de algumas vespas e abelhas. Vale ressaltar que os canais de estímulos sexuais se abrem para a manipulação. Isso acontece por terem sidos, ao longo dos anos, deixados de lado na evolução, porém, sem prejuízo algum na aptidão.
Convém ponderar que Charles Darwin, entretanto, deu o primeiro passo nessa história toda. Em sua obra “The Various Contrivances by Which British and Foreign Orchids Are Fertilided by Insects” de 1862, contrapôs aquela idéia que a sociedade tinha na época de que as flores haviam sido criadas através de Deus para agradar o homem. Darwin provou, contradizendo totalmente o conceito de flores da época, sendo desta maneira um estudo inovador, que as orquídeas selvagens, em especial, desenvolveram ao longo dos anos, todas essas formas para atrair insetos polinizadores. Através da co-evolução das orquídeas, portanto, resultou-se na capacidade de atrair uma grande diversidade de insetos, que como consequência, ocorreu a evolução de uma surpreendente diversidade dessas flores. Em outras palavras, Darwin demostrou que as flores serviam na verdade, para controlar a polinização feita pelos insetos e garantir a fecundação cruzada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Compartilhar